Modelo de Anotações para Sermões/Pregações para Crianças

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A Igreja tem vivido alguns desafios interessantes nos últimos meses em razão da pandemia que tem afetado a vida de todo o planeta.

Os cultos presenciais já voltaram em quase todas as igrejas, mas as atividades voltadas para as crianças não. E isso não é lá muito ruim não.

E se essa fosse uma OPORTUNIDADE de investirmos nas crianças para que aprendam a ficar no templo durante o a mensagem (pregação/sermão/Palavra) e a criarem interesse em prestarem atenção na exposição da Palavra de Deus pelo pastor? Quem sabe isso até leva pra uma conversa teológica com os pais na volta pra casa?

Assim, tomando por base o material que já existe em Inglês e o material que a Editora Cultura Cristã tem em anotações para o culto, eu fiz esses dois modelos aqui para auxiliar as crianças durante a pregação.

Um modelo é para crianças até uns 5 ou 6 anos – que estão começando a ler, muitas nem sabem, mas já sabem desenhar. O pai e a mãe aqui precisam ler os comandos, mas tá bem fácil de saber o que fazer.

O segundo modelo é para as crianças que já sabem ler e aí não tem muito segredo. Só correr pro abraço.

Não precisa creditar o uso. Use sem qualquer moderação. Use para glória do nome do nosso Senhor!

Bisbilholi – Para vós e vossos filhos, Paulo Anglada.

Demorou um pouco, mas voltamos com mais um episódio do Bisbilholi.

Nesta edição eu leio para você o livro do Rev. Paulo Anglada sobre a posição reformada quanto ao batismo cristão, mais especificamente, o pedobatismo.

Se você curtiu esse episódio e deseja o livro impresso, visite o site da Knox Publicações e adquira sua edição (não ganho nadica de nada por isso).

http://loja.knoxpublicacoes.com.br/teologia/para-vos-e-para-vossos-filhos-o-batismo-cristao (R$ 25,00).

Precisa-se de sonhadores

Alô? Alô?! É do anúncio que saiu hoje cedo no jornal?

Sim! E com quem tenho a alegria de falar?

Ué? Você não sabe?

Ótima resposta, digo… ótima pergunta! Mas ainda faltam algumas questões igualmente importantes a te fazer. Pronto?

Sem problemas. Vamos lá!

Ótemu! Conte-me sobre sua expectativa do que irá fazer se aceito trabalhar aqui conosco. Você tem ideia sobre o que faz um sonhador?

Bom, eu imagino que vocês não são uma empresa de testar a qualidade de colchões, nem de travesseiros, ou do serviço de pousadas e hotéis e a eficácia de remédios para dormir, então, acredito que essa vaga é para quem sonha sem dormir no ponto, para quem não tem medo de executar a missão e se machucar no meio do caminho, acertei?

Você está… redondamente…

*** 2,34 segundos de tensão no ar ***

certo!

Sabe, meu caro amigo sonhador, apesar de tantos avanços na área da saúde, de transporte, de tecnologias de informação e de processos de produção, eu, honestamente, não me lembro de uma época onde a humanidade avançou tão pouco quanto agora na área dos sonhos.

É verdade (arranhou os dedos sobre a barba 2 dias sem fazer). Estamos mais lentos que um bicho preguiça em pleno feriado de verão após ter almoçado uma deliciosa feijoada (disse em tom de brincadeira, mas falando a verdade).

Sim. Pouco se sabe de muita, de muita coisa, e bem pouco se sabe sobre a verdade. Aliás, a verdade, para muitos, é relativa. É verdade enquanto beneficia o indivíduo e torna-se mais maleável que aquelas liguinhas de plástico amarelo quando não. Poucos estão firmes, resolutos, a viver e morrer de forma íntegra pelo que acreditam, os seus ideais. Quase sempre, porque a exceção vai existir, quando um sonhador se levanta a sonhar e se empenha em executar esse sonho, é quase sempre tachado de ultra conservador, arcaico e, veja bem, até fascista – mesmo não tendo a menor ideia do que é essa palavra. Mas, bem, isso é assunto pra outra hora. Olha só… tenho outra pergunta a te fazer agora.

Qual? Manda aí.

Beleza. Me diz o quanto você espera ganhar? Já leu no anúncio que esse trabalho é 24×7 e férias só no final, né?

Sim! E isso me chamou de mais a atenção. Se aceito, eu só vou continuar fazendo algo que sempre fiz todo dia desde que fui concebido no ventre de minha mãe. Ontem mesmo, não sei se em tom provocativo, meu pai disse que sempre fui um sonhador por viver assim.

Quanto a pagamento, bem… eu não espero receber mais do que já me foi dado. Explico. Eu entendendo a vida, não apenas aqui na Terra, mas aqui também, é claro, como um enorme e imerecido presente. Tudo mais que eu fizer não faço pra pagar algo que não seria possível pagar, mas faço como agradecimento. Veja bem. Não encaro como serviço serviço voluntário, porque não é. Eu só sonho muito em trabalhar com vocês como forma de agradecimento por aquele que me fez assim.

O nosso Chefe?

Sim! Ele mesmo. Ele que me faz sonhar dia sim e outro também.

Que bom! Isso me tráz muita alegria. E quanto ao plano de carreira?

Mais uma vez, eu só quero estar com vocês. Não me importa reconhecimento, mesmo porque se quiser ser reconhecido não sonharia, simplesmente andaria de acordo com a norma vigente da cidade. Eu teria como foco acumular bens, lugares marcados no mapa, festas e qualquer outro tipo de prazer que pudesse ser direcionado apenas a minha satisfação. Meu objetivo aqui é um: ver meu chefe alegre e estar feliz em fazer o que fui feito pra fazer.

Agora eu tenho uma pergunta para o senhor, se não for problema, é claro.

Proativo. Hummm, deixa eu anotar aqui. (Ele anotou a palavra e ao lado fez uma emoticon de riso). Beleza, pode perguntar.

Quando posso começar?

Kkkk. Boa, garoto! (lembrou de si mesmo quando foi aceito)

Ué, assim que terminar de conversarmos aqui. O seu seguro de vida já foi pago há muito tempo atrás e tudo que você precisa saber pra continuar sonhando e sonhando bem, tá naquele livro grande e bonito chamado Bíblia.

Alguns vão dizer que este livro não é a palavra do nosso chefe, que contém apenas algumas partes, mas que é falho e, enfim, vão falar um tanto de inverdades, um monte de heresias, de asneiras absurdas, mas não vá pelo que dizem. Acredite piamente em tudo que está escrito ali, se puder, tendo de cor, no seu coração tudo que está escrito lá. Sabe, aquele livro não fala apenas como viver, mas gosto de encará-lo como uma carteira de identidade que fala quem somos, como um testamento, pois fala o que nos foi dado pela morte do filho de Deus e também é como se fosse um mapa, pois fala para onde estamos indo.

*** um grande sorriso se abre de ponta a ponta no rosto do jovem ***

Uma última coisa antes de desligar e você começar a sonhar.

Sim. Qual?

Olha, por não se conformar a esta realidade cruel que vivemos agora, por não aceitar ser só um meio sonhador, meio que um sonhador de domingo, um sonhador de ocasião, você será perseguido e seu passado será usado contra você. Isso não deve ser visto como ponto negativo, mas como honra.

Você estará em constante luta contra as pessoas ao seu redor, sua família, você mesmo e também aquele que é conhecido por pai da mentira. Será alvo de calúnias e lutará contra o que de pior sabe de você mesmo.

Além disso, para poder sonhar melhor, você será humilhado pelo próprio chefe. Leia depois o que diz em nosso manual em Dt. 8. Lembre-se que o fogo serve tanto para consumir quanto para purificar. Você sairá melhor das doenças, das perseguições, do luto, das desavenças e da morte, sim, da morte, sairá para a vida eterna. Só que vale incrivelmente muito a pena, a caneta, o papel, o tempo, os sorrisos, as lágrimas e tudo o mais que passar.

ROGER THAT!

Perfeito! Seja bem-vindo! Até mais. Tchau.

Abraço e obrigado. Tchau.

*** ligação encerrada ***

Qual é o milagre da cela no. 7?

E aí, caro leitor? Você saberia me dizer qual é milagre que acontece no filme turco ‘Milagre na Cela #7’ (Netflix, 2019 – Yedinci Kogustaki Mucize)?

*SPOILER ALERT! Se ainda não assistiu a este filme, pare de ler e vá assistir para não ficar sabendo de informações importantes antes da hora*

  • Você ter chegado ao final do filme sem derramar uma gota de lágrima? 
  • Você não ter morrido de desidratação?
  • A adaptação turca ser melhor que o original da Coréia do Sul (2013) e as outras adaptações feitas na Índia, Indonésia e Filipinas?
  • O filme não ter sido baseado em uma história real?
  • Memo sobreviver e ser reunido a sua filha Ova no final? Se insistiu em ler, sorry. Tá contado o final.
  • A transformações dos personagens secundários (funcionários da prisão, professora, soldados e prisioneiros da cela 7) de pessoas ligadas apenas aos seus problemas para próximas e ternas a dor do próximo?
  • A capacidade que corações ‘puros’ tem de afetar qualquer contexto que estão inseridos?
  • O amor como um ato de sacrifício? De Memo com o líder da cela ao tentar salvar sua vida? Do senhor que passa o filme todo calado (e avô da Ova, pai da esposa do Memo) e depois se entrega no lugar de Memo? Da avó que se dedica a cuidar do filho e da neta com tudo que pode fazer? Dos funcionários da prisão e dos detentos que se arriscam para salvar um inocente?
  • O amor como um ato de presença? Do líder da cela 7 que entende o amor de pai e aí passa a estar presente na vida dos próprios filhos? De Memo e Ova que se preocupam demais um com o outro? De Ova matar aula pra tentar encontrar uma forma de salvar seu pai?

Olha, que filme bonito! Acredite, eu não chorei, mas foi bem quase. 

Foi ‘bem quase’ que chorei porque passei o filme todo agoniado com: Quando esse tal de milagre vai aparecer?

A menina, filha do general, morre. A mãe do Memo morre. O Memo apanha que só vendo uma novela mexicana inteira. O soldado que poderia ajudar a salvar o Memo é morto pelo general que queria vingar a qualquer custo a morte de sua filha. A Ova sofre com as outras crianças da sua escola e também por não ter sua mãe ou viver o que gostaria. Até os últimos 10 minutos do filme eu tava quase acreditando que o milagre era ter chegado até o final do filme sem ter desistido de tanto sofrer vendo aquilo.

É um tanto doloroso pensar que muitas pessoas estão na prisão e não mereciam estar lá, não é?

Não mata por dentro perceber que muitas garotas e garotos (neste exato momento) precisam segurar um barra de concreto em lares desfigurados por problemas financeiros, de relacionamento, de violência ou de saúde (como no caso do Memo)?

É de cortar o coração ver um órfão.

É de cortar o coração ver injustiça com um justo.

Minha cabeça zapeou por muitos pontos da Bíblia. A sua também?

Pensei em Cristo na cruz, com ladrões ao seu lado, sendo penalizado pelos nossos pecados. 

Pensei que fomos reunidos ao nosso Pai pelo ato de sacrifício de Cristo.

Pensei que o pecado nos afasta de uma ‘vida livre’ e nos recolhe a nossas prisões particulares e solitárias.

Pensei que amor se dá tanto no sacrifício, quanto na presença.

Pensei que apesar de injusta, esta vida é temporária e um dia tudo isso acaba e não haverá mais choro ou pesar. Não existirão mais celas… seja #1 ou #1101.

Milagre é todo dia acordar. 

Milagre é respirar porque o Todo Poderoso permite.

Milagre é ter vida apesar de merecermos a dor da forca em nosso pescoço pela eternidade.

Milagre é nosso Pai nos amar tanto assim.

Um bom dia para morrer

Não, este não é um conto relacionado a franquia de filmes ‘Duro de Matar’. Até que seria legal ler mais uma aventura do policial John McClane, ler, não, assistir, só que este não é um conto de aventura de pessoas descalças andando por cacos de vidro e correndo por dutos de ar maior que o normal para matar o vilão.

Aliás, aqui, neste breve conto, no fim acontece justamente o que você está pensando acontecer. Aliás, parte 2, se não existir uma conjunção subordinativa condicional divina, isto é, se não houver a vinda do filho de Deus, que é líquida e certa, no nosso tempo, o que nos aguarda é o mesmo fim, mesmo que talvez não seja tão bom como o de Carlos.

Mas, sem mais, vamos lá.

Não chovia quando ele acordou e nem uma única gota pensou em cair em qualquer outro momento daquele dia. O sol reinava soberano no céu sobre as poucas núvens abaixo dele. E, sabe, elas se tornaram ainda mais belas em seus desenhos disformes pelo destaque que a tal estrela luminosa de fogo as deu. O azul do céu naquele dia era de um tom firme, forte e sem qualquer vestígio de medo. Você precisava estar lá pra ver como estava bonito.

Na rua se via mães e pais apressados correndo para os carros porque estavam atrasados para deixarem os filhos nas escolas e então irem trabalhar. Só que aquele dia era um dia de folga para Carlos e sua esposa. Ambos trabalharam duro durante no dia anterior e naquela madrugada cuidaram da filha que jazia remelenta em sua cama ao dormir o sono dos justos. A menina, que ainda era uma bebê, tinha tido febre. Seus pais a medicaram e deram banho na banheira rosa de plástico para conter a temperatura – o que conseguiram. Ainda assim, a noite tinha sido bastante alegre. Entre taças de vinho, um bom jazz ao fundo e conversas sobre os planos de reformar a sala, a noite passou rápido.

Mas, tá, Carlos acordou e foi tomar seu café. Nada de mais ou de menos. Café com leite e um pão com margarina porque a manteiga tinha acabado dois dias atrás e também não tinha requeijão.

Assim que beijou sua filha remelenta e afagou a parte de trás da cabeça de Júlia, Carlos colocou a bermuda preta, vestiu a camisa do seu time de coração e foi correr. Perdão, correr não era uma opção porque sempre que corria o interior de suas pernas assavam. Ele foi caminhar. Quando desceu a portaria do prédio, colocou os fones de ouvido, ligou o bluetooth do celular e colocou The Sing Team para tocar depois de ajeitar o chapéu velho e sujo que ganhou da sua filha no dia dos pais. Os 5 kilometros de caminhada foram feitos da mesma forma que no dia anterior e foram igualmente agradáveis. Naquela hora ele viu um casal de papagaios sobrevoar sua cabeça. Também cumprimentou o Seu João, o porteiro do condomínio, e viu os garis recolherem o lixo do dia anterior e deixarem um pouco de lixo para trás. No caminho viu um casal de idosos que vez ou outra encontrava e também um menino de patinete verde que corria pelo caminho com seu avô.

Carlos chegou em casa, abriu a porta vermelha com sua chave de chaveiro balão de ar, beijou a filha que estava assistindo desenhos no celular da mãe, pegou uma goiaba na cozinha, tirou as pontas delas e depois a dividiu no meio antes de começar a esmagar com os dentes as sementes dela. Tal rotina era um dos seus prazeres particulares. Ele amava fazer isso toda manhã e ninguém mais além de Deus sabia disso.

Depois, foi ao computador, leu os emails do trabalho e  respondeu os que precisavam de resposta. Olhou algumas notícias rapidamente e foi a sua devocional diária. O plano daquele dia era ler o capítulo 2 de Atos e depois orar. Uma senhora da igreja iria fazer cirurgia e estava com medo. Sua esposa estava com problemas com uma das pessoas do lugar que ela trabalhava. Sua filha estava melhor. Ele orou por suas irmãs e pais. Orou também pelo povo de Deus espalhado pelo mundo e que os missionários continuassem corajosos. Orou por seu pastor e que sua igreja não se entregasse a qualquer problema doutrinário que viesse a afastar de Deus. Orou pelo país e até pelo governador que não elegeu. Pediu perdão pelos pecados. Foi uma oração longa. Ele tinha aprendido a conversar com Deus durante o dia e fazia isso com alegria. Sentia falta quando não fazia. 

Veio o almoço, o lanche da tarde e o jantar. Tudo como manda o figurino. Depois do jantar ele preparou um café forte e bem quente e foi para a calçada da rua. Os pais que tinham saído estavam voltando pra casa com seus filhos dormindo no banco de trás depois da escola, curso de inglês, esporte e não sei mais o que. O sol já não estava mais lá, pois tinha dado lugar a lua que estava meio tímida. O vento estava na intensidade e temperatura certa. 

Foi aí que Carlos sentiu uma dor no peito.

Na fração de segundo que levou até que ele apagasse, só deu pra lembrar de sua esposa e filho e de mais algumas coisas. Ele ficou triste em saber que talvez fosse aquele o ‘até logo’, mas não bateu desespero, não. Ele ficou triste de não poder ver seu filho casando e de não poder conhecer seus netos. Ficou preocupado se sua esposa iria encontrar a prestação da casa que ele tinha colocado no livro de ficção do Ernest Cline que tinha começado a ler. Se lembrou de como era bom estar com ela e de amá-la de todas as formas. Lembrou do dia que a conheceu e como ela estava linda. Lamentou deixá-la para trás.

Mas aí sorriu. 

Era hora de encontrar seu criador. Este mundo é por demasiado triste e existe muita dor. Seu time de futebol não estava indo nada bem. Ele tinha sérios desafios no trabalho e na igreja à vencer, pessoas que deveriam ter coração bom, mas eram mais cruéis que as do mundão. Ainda tinha muitas contas a pagar. Ele já não era um jovem, por assim dizer, e os cabelos brancos nem de perto mostravam o decair que sua saúde tinha tido nos meses anteriores. Muitas pessoas que amava não amavam a Deus. Ele se lembrou das discussões e dos choros e aí viu que era hora da eternidade, uma eternidade em paz com seu Criador, uma eternidade de paz, onde não haveria mais choro.

Porque tinha certeza do cuidado de Deus, sabia que sua família e as gerações dela estariam bem e foi aí que fechou os olhos e se foi.

Não aconteceu nada de mais e, de novo, nem de menos. Não ganhou na loteria, não se matou fazendo sexo, não foi despedido, não lutou com um leão, não foi comer na churrascaria, não viu o time vencer o estadual e nem venceu ou perdeu um Gran Prix de Fórmula 1, mas foi um dia em louvor ao Senhor do momento que acordou até que foi embora. 

Ele sabia que hoje era tão bom quanto amanhã. Não tinha pregas a este mundo, mas ansiava o que viria. Foi um excelente dia! Um bom dia para morrer.

 

Novo mundo?

O que acontecerá ao mundo logo após o fim dessa pandemia? Já pensou nisso?

Eu e você estaremos vivos? Morreremos por causa desse vírus com nome de cerveja mexicana? As relações humanas serão diferentes? Você vai apertar o andar no elevador do mesmo jeito? E o consumismo? Estaremos tão envolvidos na correria do dia-a-dia ou a falta de empatia com o próximo continuará?

Não vivi as primeiras guerras mundiais e me recordo brevemente de ver a queda do muro que separava Berlim em duas, mas ainda me lembro bem da queda das torres gêmeas em NY e de tudo que se especulou naquela época.

Se não me falha a memória, no dia 11 de setembro de 2001, eu tinha feito uma prova no Objetivo e voltei mais cedo pra casa. Assim, exatamente na hora que liguei a TV ouvi a chamada da Globo para notícias urgentes e logo depois liguei para os EUA para avisar minha mãe (do Intercâmbio) que tirasse a TV do armário pra ficar sabendo do que tava ocorrendo e buscasse proteção. Com os outros ataques acontecendo eu só pensava que a qualquer momento alguém poderia atacar uma usina nuclear que ficava ali perto. O medo foi grande.

Nos meses que se seguiram as igrejas ficaram lotadas e muito se debatia na escola o início da 3ª Guerra Mundial (e onde o Brasil estaria). Eu, que estava para me alistar em algum momento próximo, só pensava: “Lascou-se! Vou pra guerra. Quero isso não. O que posso fazer pra evitar isso”.

Só que a guerra que eu esperava não aconteceu. E daí foi um tempo pra tudo voltar ao que sempre foi. Em casa se falava sobre a semana, sobre os estudos, vestibular, contas a pagar, projeto de férias e o medo que existia parou de existir.

E agora? Vai tudo voltar ao que consideramos normal ou vamos aprender alguma lição disso tudo?

Eu, honestamente, aprecio muito os momentos de crise porque reforma nunca acontece quando a casa tá com a parede branquinha, o encanamento sem vazamento e o sofá inteiro. Crescimento, desenvolvimento, retomada, vem após crise, catástrofe, luto.

Vem daquele impacto que você sente bem quente e rápido no seu rosto após um murro forte e você percebe que se continuar assim em breve vai à lona e do chão não sai mais.

Rever os conceitos é preciso, tanto para crentes quanto descrentes no Senhor Jesus Cristo. Nós precisamos, como afirmava Salomão, apreciar os momentos de luto, mais que os de festa e aí olhar pra dentro e questionar nossos valores.

Temos verdadeiros heróis lá fora neste exato momento. Médicos que tem entregue suas vidas para que outros vivam. Gestores que tem sacrificado os lucros, vivendo a cada dia uma realidade cruel de fecharem seus negócios para que haja menor contaminação.

E as igrejas? E eu e você?

O primeiro passo é orar. Crente não deve fugir do enorme privilégio que é falar com o próprio Criador dele. Não. Ore sem cessar.

Depois, desacelere, pense no seu próximo e não apenas na sua necessidade. Vá ler um livro, ligue pra sua tia que há tempos não conversa, se tiver saúdavel, ajude a quem precisa. Fica em casa!

Até ontem a vida parecia muito simples. Agora parece incerta. Se volta tudo como era… eu acho que volta. O pecado tá aí. Mas vivo pelo dia que não estará mais… só aí teremos um novo mundo.

Até lá não se acomode porque tudo caminha para voltar a normalidade estranha e perturbada deste mundo. Pense sua vida melhor.

E aí? Vou pra igreja este domingo?

Com o anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS) que agora o Covid-19 (Coronavírus) está no nível de pandemia, uma vez que o número de casos aumentou 13 vezes e a quantidade de países infectados triplicou, totalizando até agora mais de 4 mil mortes e centenas de milhares de infectados, nota-se um certo desespero e isso chegou em cheio nas igrejas cristãs aqui no Brasil.

Assim, a fim de propagar a discussão saudável do assunto, vou enumerar algumas coisas a considerar na sua decisão de ir ou não a sua igreja este fim de semana.

  • Lembre-se que os sintomas do Covid-19 são muito próximos a de uma gripe, tais como febre, tosse e dificuldade respiratória;
 
  • Ainda não há vacina ou tratamento específico. Os hospitais tem dado apenas remédios para dores, febre e gripe na tentativ de amenizar os sintomas e não pra parar/curar o vírus.
 
  • Os governos (em todos os níveis), assim como médicos e sociedades de infectologia tem recomendado medidas para prevenção, tais como usar o antebraço pra espirrar, rigor acima da média quanto à higienizalçao das mãos e superfícies de contato direto (com álcool 70% e sabão), evitar contato físico, manter os ambientes ventilados (janelas abertas mesmo com o ar condicionado funcionando) e, se você estiver doente, permanecer em casa.
 
  • O Governo do Distrito Federal publicou em edição extra do Diário Oficial a suspensão, pelo prazo de cinco dias – que podem ser prorrogáveis, de (1) eventos, de qualquer natureza, que exijam licença do Poder Público, com público superior a cem pessoas, (2) de atividades educacionais em todas as escolas, universidades e faculdades, públicas e privadas, e (3) que bares e restaurantes devem observar a organização das mesas e manter distância mínima de 2 metros entre elas.
 
  • Logo, ainda que este decreto não inclua as igrejas, é oportuno às igrejas, seja onde for, a aderirem voluntariamente a suspensão de suas atividades pelo amor que devemos ter a vida do próximo;
  • Mas, se sua igreja estiver reunida este domingo e você não estiver no grupo de risco (idosos, pacientes quimioterápicos, imunodeprimidos, diabéticos, com gripe), não deixe de ir adorar ao Senhor na presença de outros irmãos.
  • Se ficar em casa você também não está pecando. É algo temporário. Lembre-se que esse surto não é pra sempre. Alguns dizem que em no máximo 4 meses já vai ter passado todo esse buzz.
  • Assim, ficando em casa, aproveite a oportunidade pra fazer uma dessas opções: (1) Reuna-se com seus familiares em casa este domingo para orar, cantar louvores e ler a Palavra de Deus; (2) Acompanhe o culto de igrejas da sua denominação que aconteçam pela Internet (me pergunte como se você não sabe como fazer isso).
  • Se você precisar entregar o dízimo você pode fazer tanto na outra semana ou via depósito bancário. Ligue para a igreja que faz parte e pergunte seu pastor como fazer isso.
  • Veja bem… não é hora de se entregar à ansiedade e pânico. Confie que o Senhor dirige todo o Universo e tem a vida do seu povo em especial atenção.
  • Veja bem... é hora de você orar mais também! Leve suas dúvidas ao Senhor e interceda a Ele que esta situação venha a se concluir rapidamente. Que as famílias enlutadas busquem força nEle!
  • Veja bem… Se um vírus que não somos nem capazes de ver é capaz de causar tanto mal, de ceifar tantas vidas assim, considere que eu e você somos incrivelmente frágeis. Precisamos contar nossos dias com sabedoria (Sl 90.12), que esta vida é vaidade e fulgaz (neblina) e também confiar nossas vidas ao único que é capaz de cuidar dela (Jesus).
  • Veja bem... Se o caos já é assim agora, imagina no dia do Juízo Final?
  • Veja bem... Nossa esperança não está nesta terra e nem no que o futuro aqui nos oferecerá. Nossa esperança está na eternidade ao lado de Cristo e vivemos por isso. Assim, se morrermos aqui e estivermos com o Pai, então estamos no lucro. Não tenha medo. Tenha fé.

Compartilho aqui com vocês um doc de orientação da Igreja Presbiteriana Nacional que acho muito válido neste momento. Pode servir de base se sua igreja precisa se pronunciar neste assunto.

Diga NÃO ao ativismo cristão

Li em um dicionário que ativismo pode ser definido de duas formas. Na primeira, este substantivo masculino existe para definir uma ‘atitude moral que insiste mais nas necessidades da vida e da ação que nos princípios teóricos’. Já na segunda definição o dicionário aponta que ativismo seria como uma propaganda ativa do serviço de uma doutrina ou ideologia’.1

Mas, sabe de uma? Não fiquei satisfeito. Essas definições não abraçam com força tudo que está relacionado ao ativismo cristão dos dias atuais versus o que deveria ser uma vida ativamente frutífera, santa e saudável diante de Deus. Então, fiz o seguinte. Quebrei a palavra nesta formulinha para estudarmos aqui.

Ativismo = ativo + -ismo

Ativo, como adjetivo, define algo que exerce ação, que é dinâmico, ou seja, que não é passivo, mas que exerce influência, operando com rapidez e, em relação ao comércio, meio que por curiosidade, ativo é algo que se é credor (guarde esse pensamento). Já o sufixo -ismo, por sua vez, tem a função de formar substantivos abstratos como, por exemplo, alcoolismo, liberalismo, darwinismo, cristianismo, e por aí vai tentando dar forma a qualquer doutrina, movimento ou teoria. 

Assim, após ter investigado esta palavra e também considerar o que o ativismo cristão trás como malefício a vida do crente, apresento aqui uma definição deste termo que você pode questionar caso não concorde ou ache exagerada – use sem moderação o espaço de comentários deste post.

Ativismo cristão é um movimento onde indivíduos que se afirmam pelo nome de Cristo, seu Salvador, estão em constante atividade em programações/ensaios/eventos/atividades da igreja que congregam ou que servem como ministros do Evangelho ou, ainda, em ministérios paraeclesiásticos, sem que haja: 1. divisão saudável do tempo para se viver Cristo em outros ambientes/áreas da vida, exemplo: em casa, com o cônjuge e filhos, no trabalho, no ambiente acadêmico, através de alimentação saudável, exercícios físicos, ócio e apreciação de arte e da criação, etc; 2. raciocínio crítico se as atividades executadas são eficazes no objetivo fundamental do cristão, isto é, se realmente glorificam o Senhor, levando seu nome a ser conhecido entre os que precisam ouvir para crer, e nos levam a ter alegria nEle e não em nós, não fazendo da igreja apenas um clube social onde temos comunhão superficial e dispendiosa – financeiramente e de mão de obra que já é difícil de encontrar; 3. crítica pessoal se fazem isso simplesmente para ocupar o tempo, pois há um desejo de fuga dos problemas pessoais e não como motivo de reconhecimento/gratidão pelo maravilhoso e imerecido amor de Deus em nos salvar da perdição eterna.

Uma igreja com agenda cheia de atividades não é, necessariamente, uma igreja que cumpre o Ide. 

Se considerarmos que o objetivo da igreja visível é esforçar-se diligentemente em fazer discípulos de Cristo2 por toda a Terra (Mt 28.19), assumindo, assim, todos os sofrimentos e perseguições contíguos à esta vida a fim de ensinar os santos a guardar tudo o que Cristo nos ordena (Mt. 28.20), será que temos sido fiéis ao chamado de exortar com toda paciência e doutrina (2 Tm 4.2) ou na balança mais pesa o lado das atividades de comunhão que muitas vezes apenas tem o sentido, ainda que inconsciente, de nos fazer bem? 

Quanto sua igreja tem gasto no apoio aos missionários que estão nas cidades, aldeias deste país ou em outros países versus o quanto ela tem gasto em atividades de comunhão? 

Quanto tempo temos gasto em reuniões de oração e de estudo bíblico, de discipulado um a um, de visitação aos enfermos, de atendimento às viúvas, orfãos e aqueles que pensam em suicídio, pois estão imersos em depressão e problemas cruéis, versus o tempo que temos gasto em decorar jantares temáticos de acampamento, de encher balões e de nos prepararmos para eventos caros e com pouco retorno efetivo ao Reino de Deus?

Veja bem, não é que planejar e decorar sejam errados, mas é que tempo sobre esta Terra é um presente de Deus que é caro e é finito e, também, é urgente falar a este mundo caído que Cristo veio para salvar todo aquele que nEle crer. Logo, a história aqui é sermos mais Maria que Marta (Lc 10.38-42), pois é mais importante ouvir o Senhor que nos agitarmos de um lado para outro.

Costumo dizer a alguns irmãos que a igreja, no que se refere a área das crianças, como exemplo, não existe para ser a fonte principal de ensino bíblico destes meninos e meninas. Falo a estes pais que pensem na igreja, em primeiro lugar, como uma loja de ferramentas, pois a responsabilidade de ensinar Cristo é primária deles e estamos ali para dar o que eles precisam para fazer isso com seus filhos. Mas como vou viver Cristo com meus filhos se nunca tenho tempo com eles? 

As crianças de hoje em dia são como pequenos homens e mulheres de negócio. Se não estão na escola, e às vezes estão em tempo integral, estão no Inglês, no Espanhol, na aula de computação, na atividade física, em muitas consultas médicas e só os encontramos em casa, durante a semana, por uma ou duas horas antes de irem dormir. Sem falar da nossa própria agenda cheia, veja que nos fins de semana eles quase sempre estão absortos nos ensaios semanais do coral infantil, nas reuniões departamentais e de atividades de lazer, nas festas dos amigos, nos acampamentos em feriados, nos ensaios para apresentações especiais, nas casas dos avós e pouco tempo também passamos com eles durante os cultos.

É claro que ainda sobra algum tempo, eu sei. Mas será que é tempo de qualidade? Tempo para modelar Cristo na vida deles?

A igreja precisa dar aos seus membros a possibilidade de viverem Cristo, de testemunharem Ele, neste mundo caído. Nós somos sal e luz neste mundo (Mt 5.13-14) e não podemos estar como escondidos dele, só que muitas vezes o número exagerado de atividades na igreja nos rouba a oportunidade de fazer isso. Sabe, eu e você precisamos gastar tempo e viver Cristo com os nossos familiares que não o conhecem. Nós precisamos viver na cidade, as necessidades da cidade, e mostrar o que nosso Deus fez conosco, pois antes estávamos mortos e agora temos vida. 

Gosto de dizer o seguinte: precisamos fazer prática a nossa teologia. 

Já reparou o tanto de crente bom, aquele que tem muita disposição ainda que não tenha muitos talentos, e que fica exausto no meio do caminho? Às vezes não é nem pela falta de apoio, mas pelo exagero de atividades, a falta de equilíbrio, uma compreensão, por vezes, equivocada da Palavra.

Ser crente não é dizer sim pra tudo que te pedem na igreja. Precisamos dizer não para tudo que tenta roubar o lugar de Deus, que é o principal, de nossas vidas. Se atividades ficarão por serem feitas na igreja… paciência!

Sábado fui a um encontro de casais na igreja onde estou com minha família e ouvi de um dos líderes que haviam optado pela redução de encontros para privilegiarem a qualidade bem como a possibilidade dos casais terem mais tempo em casa e poderem estar em comunhão ‘individual’ com outros casais. Achei aquilo belo!

Precisamos dar um tempo em tanto ativismo e pensar a melhor forma possível de adorar a Deus com nossos talentos, recursos financeiros e tempo.   

 

  1. https://dicionario.priberam.org/ativismo
  2. e não meus ou seus discípulos