História de um casamento (Netflix, 2019)

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História de um ou de muitos casamentos? É realmente possível um casamento terminar e a família permanecer unida? Qual é a importância de um ‘olha me desculpa, eu errei feio’ sobre o triunfo do ego do vencedor? Por que História de um casamento (HDUC) é um filme de doer o coração?

Eu considero este filme um dos melhores do ano e explico o porquê.

Diretor. Embora os cursos de tradução pelo mundo formem excelentes profissionais, existe um certo consenso que os melhores mesmo são aqueles tradutores que além de conhecimento das técnicas de tradução também já estudaram e/ou trabalharam em outra área, uma vez que não conhecem os termos apenas de dicionário, mas de tê-los vividos. Ou seja, os melhores tradutores de poesia normalmente são poetas, os melhores de textos legais, advogados, os melhores de arquitetura, os arquitetos, etc.

Noah Baumbach é o diretor por trás dessa obra e me parece muito com o exemplo que dei acima, ou seja, ele fez bem este filme porque sabe de prática. Baumbach foi indicado ao Oscar em 2005 por escrever e dirigir A Lula e a Baleia (ALEAB), que é mais ou menos autobiográfico, pois ele reconta um pouco do que passou no divórcio dos seus pais, que tinham muita vivência com a arte, a sétima arte, pois são críticos de cinema. Então com HDUC ele não conta algo novo para ele, mas algo que certamente sabe de ouvir e de viver. Creio que o realismo vem muito dessa experiência dele.

Diálogos. Eu acho algo muito interessante o filme ter dois protagonistas, apesar de estar mais focado no Charlie (Adam Driver, do último Star Wars). O diálogo introdutório é algo simplesmente poético e que se você perder também perde a riqueza que é o final do filme. Em ALEAB, Baumbach mostra a história a partir do filho mais velho (Jesse Einsenberg, de Zumbilândia, Batman vs Superman), mas em HDUC ele olha o casal como uma unidade. O diálogo da discussão deles, quando o Charlie soca a parede, é de fazer chorar ou ficar com os olhos marejados por uns 30 minutos bem forte.

Realismo. Concordo com o Rodrigo do QuadroCine que “o realismo das atuações se encaixa perfeitamente na forma pouco realista da mise-en-scène (tudo aquilo que aparece no enquadramento da cena) de Baumbach”, porque de fato “é natural que busquemos elementos reais em universos não-reais”.

Sabe, o filme foge do óbvio. Não tem a intenção de te dar um final feliz de novela mexicana, mas de explorar o realismo fatalista de alguns relacionamentos que por mais possível e claro que seja uma reconciliação, ela não chega lá. Desde a explicação de quão caro é separar, até as dificuldades para deslocamento físico entre cidades, trabalho, escola, socialização e até o último cadarço do filme fica uma tentativa muito sincera de tentar retratar a vida sem o imaginário que pena (hoje lápis, caneta ou teclado) propiciam ao escritor de tentar matar o real. Há uma apreciação clara pela demonstração que relacionamentos, não importa quão fortes sejam, são complicados.

Bíblia. Não tem Bíblia no filme, mas ao assistir não pude olhar sem os óculos que me guio por esta vida. Ontem, na minha leitura devocional cai em 1 Pedro 3 quando temos ensinamentos as esposas e maridos. Fica tranquilo que não vou cair em debate complicado hoje, vou apenas ficar com o versículo 7:

Maridos, vocês, igualmente, vivam a vida comum do lar com discernimento, dando honra à esposa, por ser a parte mais frágil e por ser coerdeira da mesma graça da vida. Agindo assim, as orações de vocês não serão interrompidas.

Esse conselho é destinado aos homens, mas plenamente útil a ambos os lados. Viver com discernimento, isto é, com capacidade de avaliar, escolher, julgar, apreciar é essencial tanto a homens quanto a mulheres e isso falta e muito nos dois personagens, especialmente no Charlie.

Charlie é aquele que adultera com uma empregada da sua companhia de teatro por julgar não ter a atenção quando queria, ele falha em avaliar as reais necessidades de sua esposa de estar perto de seus parentes e buscar afirmação como profissional e submete seu filho a uma rotina pesada apenas para que seu desejo fosse saciado quando vão os dois pegar doce de Halloween. A Nicole (Scarlett Johansson) também adultera e erra na escolha de um advogado quando tinham previamente acordado em realizar a separação de forma amigável. Existem muitos erros de avaliação neste filme.

E aqui chamo você para a nossa realidade, pois pelo pecado de Adão também estamos susceptíveis a erros de julgamento, erros de apreciação da vida comum do lar.

O comum na nossa sociedade não tem sido suficiente. Infelizmente vejo muitos casamentos onde homens e mulheres não se contentam com a vida comum. Homens normalmente querem mais aventuras sexuais, buscando saciar seus desejos em outras bocas ou pela tela do computador e celular. Muitos vivem como se fossem meninos e não se atinam para a necessidade de cuidar e cultivar a família que tem, vivendo apenas em video games e outros brinquedos mais caros que tem. As mulheres, por sua vez, também não ficam atrás dos homens e desejam muitas vezes o mesmo nível de liberdade que só solteiros tem.

Hoje, mais que em qualquer outro momento da história, ser revolucionário, contra cultural é ter desejo apenas pelo conjuge, honrar essa pessoa com seus bens, tempo e sentimentos, cuidar dos filhos e viver a vida comum do lar, pagando os boletos, ensinando a Palavra de Deus em casa todos os dias, cultuando o Senhor em Igreja até que Cristo venha. É viver de maneira simples, sem querer ser o protagonista da história, mas fazer bem o que veio fazer na terra.

O filme me doeu o coração porque era evidente que existia um puro sentimento entre os dois de amor, mas as decisões erradas, o não perdoar, o não oferecer perdão, levaram os dois para algo ainda pior. Quantos casamentos são desfeitos por egoismo como aqui? Tenho visto que batalhas assim não levam a nada, pois ambos os lados perdem muito mais que ganham.

Tive vontade de fechar a janela do filme umas 10 vezes, mas fico feliz em não ter feito. Faz bem pensar sobre a importância do casamento e como um casamento sem Deus é infeliz.

Termino com a música infantil (mas muito sábia): Se na família está Jesus é feliz o lar, é feliz o lar, é feliz o lar. Se na família está Jesus é feliz o lar, é feliz o lar! Se com papai e com a mamãe está Jesus é feliz o lar, é feliz o lar!

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2 comentários sobre “História de um casamento (Netflix, 2019)

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