A Glória das Ruínas

Curtiu? Compartilha uai.

“Tu te espantas que o mundo chegue ao fim? Mais vale que te espantes de vê-lo chegar a idade tão avançada. O mundo é como um homem: nasce, cresce e morre. […] Na velhice, o homem vive assolado pelas catástrofes […] Cristo diz: o mundo vai partindo, o mundo está velho, o mundo sucumbe, o mundo provecto respira ofegante, mas não tenha medo: tua juventude há de se renovar como uma águia”

(Santo Agostinho, sermão 81,s 8,dezembro de 410)

Essa é a sentença agostiniana de que o mundo, assim como o homem, é pó e um dia irá cair em ruínas. Percebemos isso enquanto vamos morrendo, e olhamos para a nossa volta e assistimos a nossa civilização morrer para dar lugar a outra.

Santo Agostinho em “De excidio Vrbis” e em seus sermões sobre a queda de Roma nos alerta para a nossa condição, do mundo em que vivemos e das coisas que criamos com nossas próprias mãos, que se desfazem e morrem diante de nossos olhos. Buscamos a felicidade nos lugares mais inusitados e em questão de tempos, isso tudo cai em ruínas. O mundo atinge um apogeu para logo em seguida chegar à sua derrocada. Assim como os romanos assistiram à destruição do seu mundo, assistimos o nosso mundo cair em ruínas, como se toda a nossa esperança estivesse indo embora junto. Em seu sermão, Agostinho, fere nosso espanto com as seguintes palavras:

“E os homens se admiram — e oxalá ficassem só na admiração, ao invés de também blasfemarem — quando Deus corrige o gênero humano e envia o misericordioso flagelo do castigo, para que os homens se emendem antes do dia do juízo. E o faz, em geral, sem escolher os que prova, pois não quer que ninguém se perca. Atinge, pois, indistintamente, pecadores e justos; ainda que ninguém possa considerar-se justo, pois até Daniel confessa seus próprios pecados.”

No final de seu sermão, Agostinho nos lembra que nosso mundo é sim pó e ruínas, mas crava a esperança do mundo vindouro que jamais irá cair em ruínas. Nas palavras do próprio Aurélio de Hipona: “Suportemos o que Deus quer que suportemos; Ele, que é o médico que nos cura e nos salva, sabe o que é útil para nós, mesmo que seja a dor. Como bem sabeis, está escrito “A paciência produz uma obra perfeita” (Tg 1,4).”. Glória a Deus por Cristo Jesus, a quem podemos nos achegar e clamar por misericórdia enquanto assistimos ao nosso mundo ruir, na esperança de que Ele venceu e um dia irá restaurar este mundo quebrado.

“Todas as coisas foram feitas através dele, e, sem Ele, nada do que existe teria sido feito.”

João 1:3

 

Guilherme Santos

 

Postado no Medium em 7 de novembro de 2020 – https://medium.com/@guilhermesantossw1996/a-gl%C3%B3ria-das-ru%C3%ADnas-b03a316b0970

Curtiu? Compartilha uai.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *